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Meu Primeiro Jogo

    Eu sempre fui apaixonado por futebol. Assistia a todos os jogos na TV, até os que não eram do meu time de coração, e ficava empolgado com a festa nas arquibancadas. Sempre tive vontade de ir a uma partida, mas morava em outra cidade e não tinha companhia. Com sete anos eu já era ansioso e não via a hora da minha primeira vez em um estádio. Em 2004 surgiu uma oportunidade inesperada. Ao visitar a cidade de São Paulo, meu irmão, junto com meus primos, comprou um ingresso  e me disse que iríamos ao Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, para assistir à Seleção Brasileira. Por coincidência, minha primeira vez seria no estádio do meu time de coração.

    Na manhã daquele 5 de setembro eu acordei mais cedo que o comum. Tratei logo de me vestir e ficar pronto para a partida que só seria às 17h. Coloquei a amarelinha com o nome do Fenômeno, a mesma que usei na comemoração do penta campeonato em 2002. Talvez trouxesse sorte para o Brasil, apesar de que o jogo seria contra a fraquíssima Bolívia, a mesma que tinha perdido de 6 para nós em um amistoso em Goiânia pré-Copa na Coreia/Japão. Duas horas antes do apito inicial fomos para o estádio, já que não queríamos pegar trânsito, pois a torcida iria comparecer em peso. Foram 56 mil pagantes e uma festa incrível. No caminho, eu fazia perguntas de como deveria me portar durante o jogo. “Posso falar palavrão?”, “Pode entrar com camiseta de outro time?”. Eu não sabia como era lá dentro, então tudo era novidade. Me atentava a cada detalhe, desde as pessoas caminhando na Avenida Jorge João Saad, até os comerciantes vendendo cerveja e lanches.

    Quando passei pela catraca e vi as arquibancadas tomadas pelo amarelo fiquei em choque. Mesmo não sendo minhas cores preferidas (vermelho, branco e preto), era muito lindo e marcante e eu sabia que aquela imagem nunca sairia da minha cabeça e que eu com certeza frequentaria o Morumbi mais vezes. Como primeira experiência, poderia ser traumatizante (caso o Brasil perdesse), mas com 50 segundos de bola rolando, Ronaldo Fenômeno, o mesmo da minha camiseta, marcou seu primeiro gol no estádio e eu explodi de alegria. Ainda saíram mais 2 gols no primeiro tempo, do Gaúcho e do Imperador, e pela primeira vez eu gritei o famoso “Olé”.

    No segundo tempo não foi diferente, o Brasil continuou dominando mas tomou 1 gol, o primeiro gol adversário que eu via no estádio. E na verdade tudo seria pela primeira vez, então cada detalhe fazia diferença. No meio da partida uma parte da torcida cantou uma música do São Paulo, e eu fiquei mais feliz ainda. Sai de lá com um sorriso enorme, não acreditava que eu tinha realizado um sonho que parecia tão distante, pois com sete anos eu só iria a uma partida caso alguém me levasse, e minha vontade era maior do que qualquer um que poderia me acompanhar. E isso é provado até hoje, pois como são paulino fanático fiz do Morumbi minha segunda casa e sempre que vou lá um clarão amarelo surge na minha cabeça, que com certeza é ao daquela partida, lá em 2004, que acendeu ainda mais minha paixão pelo futebol e pelo estádio.

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